segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Parece uma coisa: só se escreve quando se tem uma agonia dentro de si. Eu tenho, na verdade sempre tive, agonias dentro de mim, só que parece que essas têm uma intensidade mais avassaladora.. Odeio rompimentos. Qualquer tipo. Odeio, por exemplo, romper um raciocínio - já dizia meu professor de matemática -, romper amizades, mas, acima de tudo, odeio romper amores. Não acho que seja preciso romper com a pessoa, mas romper a pessoa é difícil. Dói.
Agora eu tô ouvindo Skank, o cd clássico que segurou na minha mão várias vezes.. A música, Jackie Tequila, é especial, pois já foi trilha sonora da minha vida inúmeras vezes (pode até ser batidinho, mas skank é legal demais! =D), isso de certa forma me dá vontade de escrever, pra ver se eu consigo, de alguma forma, relembrar do que eu já fui. Tava pensando ontem de porque a gente escreve. Geralmente, quando a gente lê algo que a gente gosta é porque aquele mesmo pensamento já passou dentro de você, mesmo que inconscientemente. Por isso que as canções de-amor-roxo-não-desgruda-de-mim, fazem um sucesso que só vendo! Também acho que aqueles que sabem tocar realmente a alma da gente são aqueles que funcionam como crianças: espontâneo, verdadeiro e sem medo. Acho que é por isso que Ariano Suassuna uma vez "me" disse que não ia morrer nunca, e ele é um bom exemplo de alguém que funciona plenamente como criança, eternamente. Mas, acima de tudo, a gente escreve pra conseguir alguma coisa: lembrar de alguma coisa, esquecê-la logo depois porque se arrependeu ou chegar perto de alguém que não se tem do lado, por exemplo. As cartas funcionam nesse intuito, o ato de escrever já nos estreita os laços que perdemos ou não temos por hora, a curva de um L qualquer é um dar os braços com alguém incomum. Ao se desenhar a letra, desenha-se a expressão que se deseja daquela que a lê e mesmo quando a gente escreve aparentemente "ao léu", sempre tem algumas palavras que você pronuncia para alguém e que, no seu íntimo, você espera que ela entenda e sinta o que se sentiu quando você bateu, vagarosamente, os dedinhos no teclado do computador - no meu caso, por exemplo. A resposta, no processo, é o que menos se pensa. Isso vem depois, na espera. Quando se macomuna consigo mesmo no intuito de expressar-se, o mistério não está no 'o quê' dizer, mas no 'como'. É o processo ganhando de goleada do resultado. Fazer o inverso é como escrever uma carta pensando na resposta, esquecendo-se que a resposta depende da embalagem do conteúdo - é inútil, mas nos toca os sentidos, portas da alma. Porque nos podemos dizer que 'eu te amo' ou lembrar que 'de tudo ao meu amor serei atento..' dizem o mesmo, só que o segundo tem embalagem.

Escreve-se, enfim, sempre pra alguém. Pra ter alguém. É fato. E é desse aperreio todo que é feito o meu coração: da angústia de dar sentido às minhas palavras e de deixar que elas roubem pedacinho por pedacinho da minha vida, até que a exaustão de mim seja a sua delícia de ser.

2 comentários:

  1. Dios mio, vou ser o primeiro a comentar seu blog, mesmo depois de tanto tempo fora, que delícia. uasihdoiuas :] E a leitura me embriagou mais ainda. É só uma pena ver tanto dessa cabecinha pensante exposta na dor. A agonia quase escreve sozinha mesmo, fazer o que. Tá lindo e pronto.
    :* E ah, esse último parágrafo, sem comentários, só arrepios.
    Se cuida ursa.

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