terça-feira, 2 de março de 2010

Me cansei de brincar disso. Cansei de ser toda torta, toda torta. Quero alguém que me conserte.. quero ser exatamente como eu já fui um dia, embora triste, constantemente certa. Pelo menos a certeza de que eu tentava ser constantemente exata. Exatamente assim.

Sinto saudades que não se definem com a exatidão que deveriam estreitar o nó que o meu peito receberia em caso de uma saudade certa - ou, pelo menos, a saudade que eu acho que eu deveria ter.. É complicado. Tento escrever para que as coisas se encaixem nos seus lugares, mas parece que, quanto mais eu tento, mais estranhamente embananadas elas ficam.

Acontecem coisas - certas coisas - que me fezem ver o quanto a gente não deve vacilar, deve mesmo lutar pra que aquilo que a gente quer aconteça de verdade. Mesmo quando a gente finge não saber o que a gente quer. No fundo se sabe. Eu, por exemplo, nula, muda, não faço o que eu acho, bem no meu âmago, que eu deveria fazer. Por medo de me dar razão. Um dia, quando tudo for posto por águ'abaixo, com toda a clareza eu vou olhar pra trás e me amaldiçoar pela lentidão e covardia de ter simplesmente, batido os dedos lentamente nas teclinhas do computador. Por medo de agir em prol do algo que se acredita. Logo eu, que me digo tão bem resolvida.. Resolvida? Resolvida a me confundir, isso sim.

Acho que não existe tal coisa como o amor. Por um momento, odeio Vinícius por ter me feito acreditar tanto tempo que isso era possível. Mas volto atrás logo em seguida, pedindo desculpas ao meu mentor, que me faz ter esperança nas coisas bonitas dessa vida - mesmo que seja por alguns instantes, enquanto passo os olhos em algum soneto que me arrepia o coração, por tamanha beleza. Isso me dá esperança. Esperança que se possa amar com toda a força e vigor que se tenha, sem dar créditos para aqueles que dizem que não se pode. 'Que seja eterno enquanto dure'. Talvez o segredo seja transformar o 'enquanto dure' em eternidade, pois nele reside coisas que são, necessariamente, insubstituíveis.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Parece uma coisa: só se escreve quando se tem uma agonia dentro de si. Eu tenho, na verdade sempre tive, agonias dentro de mim, só que parece que essas têm uma intensidade mais avassaladora.. Odeio rompimentos. Qualquer tipo. Odeio, por exemplo, romper um raciocínio - já dizia meu professor de matemática -, romper amizades, mas, acima de tudo, odeio romper amores. Não acho que seja preciso romper com a pessoa, mas romper a pessoa é difícil. Dói.
Agora eu tô ouvindo Skank, o cd clássico que segurou na minha mão várias vezes.. A música, Jackie Tequila, é especial, pois já foi trilha sonora da minha vida inúmeras vezes (pode até ser batidinho, mas skank é legal demais! =D), isso de certa forma me dá vontade de escrever, pra ver se eu consigo, de alguma forma, relembrar do que eu já fui. Tava pensando ontem de porque a gente escreve. Geralmente, quando a gente lê algo que a gente gosta é porque aquele mesmo pensamento já passou dentro de você, mesmo que inconscientemente. Por isso que as canções de-amor-roxo-não-desgruda-de-mim, fazem um sucesso que só vendo! Também acho que aqueles que sabem tocar realmente a alma da gente são aqueles que funcionam como crianças: espontâneo, verdadeiro e sem medo. Acho que é por isso que Ariano Suassuna uma vez "me" disse que não ia morrer nunca, e ele é um bom exemplo de alguém que funciona plenamente como criança, eternamente. Mas, acima de tudo, a gente escreve pra conseguir alguma coisa: lembrar de alguma coisa, esquecê-la logo depois porque se arrependeu ou chegar perto de alguém que não se tem do lado, por exemplo. As cartas funcionam nesse intuito, o ato de escrever já nos estreita os laços que perdemos ou não temos por hora, a curva de um L qualquer é um dar os braços com alguém incomum. Ao se desenhar a letra, desenha-se a expressão que se deseja daquela que a lê e mesmo quando a gente escreve aparentemente "ao léu", sempre tem algumas palavras que você pronuncia para alguém e que, no seu íntimo, você espera que ela entenda e sinta o que se sentiu quando você bateu, vagarosamente, os dedinhos no teclado do computador - no meu caso, por exemplo. A resposta, no processo, é o que menos se pensa. Isso vem depois, na espera. Quando se macomuna consigo mesmo no intuito de expressar-se, o mistério não está no 'o quê' dizer, mas no 'como'. É o processo ganhando de goleada do resultado. Fazer o inverso é como escrever uma carta pensando na resposta, esquecendo-se que a resposta depende da embalagem do conteúdo - é inútil, mas nos toca os sentidos, portas da alma. Porque nos podemos dizer que 'eu te amo' ou lembrar que 'de tudo ao meu amor serei atento..' dizem o mesmo, só que o segundo tem embalagem.

Escreve-se, enfim, sempre pra alguém. Pra ter alguém. É fato. E é desse aperreio todo que é feito o meu coração: da angústia de dar sentido às minhas palavras e de deixar que elas roubem pedacinho por pedacinho da minha vida, até que a exaustão de mim seja a sua delícia de ser.